flick-o-rama

O espaço que faltava na blogosfera portuguesa! Uma cambada de nerd-wanna-bes ávidos de cóltura cinematográfica a mostrarem que na realidade nao pescam mesmo nada disto...

16.8.04

Double feature

Um guião de pastilha elástica, previsível até ao mínimo detalhe, sem ponta de imaginação por onde se lhe pegue. Este filme já foi feito umas quinhentas vezes antes e há-de ser feito mais umas quinhentas depois disto. Do que é que estou a falar? De King Arthur, é claro. Que belo desperdício de €3,65 e duas horas da minha vida. Desde a premissa inicial de caracterizar Artur como uma personagem "real", até à história de amor inserida a martelo, temos todos os ingredientes da fórmula de Hollywood para produzir um blockbuster minimamente rentável, mas rapidamente esquecido. Logo ao princípio, vemos Lancelot como um jovem e a história de como se reuniu a Artur, que narra na primeira pessoa. ("Eu fui um deles") Ficamos à espera de ver a história toda pelos olhos de Lancelot, acontece que é apenas mais uma personagem entre muitas e como qualquer outra personagem no filme, tem a profundidade psicológica de uma folha de papel. Interrogamo-nos durante o filme todo se estas mentes brilhantes alguma vez leram, de facto, as histórias do Rei Artur ou se conhecem alguma coisa da mentalidade da era. Um cavaleiro a advogar conceitos de igualdade no tempo do Império Romano? Tenham dó!
< SPOILER > A cena da batalha final entre Artur e o chefe dos saxões é a coisa mais banal e previsível que se pode fazer em termos de cinema. < / SPOILER >
E tive muito medo do fim. Tresanda a sequela.
Eu não tenho nada contra blockbusters, mas parece que hoje em dia basta ter uma máquina de produção e os filmes são todos brilhantes. Conceitos como "história", "enredo" e "originalidade" parecem perdidos. A tagline do filme é "Pelos mesmos produtores dos 'Piratas da Caraíbas'. Nota-se. A produção é brilhante. É aliás a única coisa que é brilhante no filme. Os Piratas das Caraíbas é um blockbuster fantástico. A este filme faltam-lhe ideias e mais maminhas da Keira Knightley.

3/10 - cada uma destas coisas vale um ponto: ter a Keira Knightley, a cena do gelo (que eu gostei por alguma razão) e o chefe dos saxões falar como o Padrinho.

*EXTRA - Fahrenheit 9/11*

Fui também ver o Fahrenheit 9/11 e, apesar da Inês já ter dito quase tudo, devo dizer que não achei assim tão brilhante. Como documentário está bom, os factos apresentados são, de facto, reais, basta alguém ter alguma paciência para investigar e constata-se que assim é. No entanto, o xô Michael (se me permites o plágio, Inês) não é imparcial, de facto. Por exemplo, quando tenta minimizar a coligação que os EUA lideraram no Iraque, mete os nomes de certos países sem peso diplomático e associa à imagem da Holanda às drogas, como se os Holandeses fossem mandar uma cambada de putos charrados para lá. Convenientemente, "esquece-se" da Espanha, Reino Unido, Japão, Austrália e Itália... (não falo de Portugal porque... enfim). Também mostra imagens de Iraquianos a sorrir para logo a seguir as contrastar com as imagens dos bombardeamentos americanos em Bagdad, como se o Iraque fosse um paraíso onde toda a gente vivesse feliz antes dos EUA invadirem... Moore conhece as técnicas de manipulação dos mass media e usa-as habilmente neste filme, mas não acredito que fosse preciso. Bush e a sua administração fornecem factos suficientes para não ser necessário recorrer a estas rasteiras, que ele, afinal, sempre criticou.

7/10

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