flick-o-rama

O espaço que faltava na blogosfera portuguesa! Uma cambada de nerd-wanna-bes ávidos de cóltura cinematográfica a mostrarem que na realidade nao pescam mesmo nada disto...

1.8.05

It had to be you

Ontem apanhei a boleia do When Harry met Sally [Um amor inevitável, creio, em português] no canal Hollywood. "Outra vez com isso?", dizem vocês. Sim.
Este é um filme que não custa nada caracterizar como um chick-flick, mas o que eu acho que tem de bom é que dá para todos. É para isso que lá está o Billy Cristal, a quem já voltarei.
A história é fácil de contar: o Harry e a Sally vão-se encontrando por acaso durante a vida ao longo de dez anos (a mudança de penteados da Meg Ryan ajuda a perceber o passar do tempo sem mais referências :P). A primeira vez é quando acabam a faculdade, através de um amigo comum e por conveniência de uma boleia. Odeiam-se, não se suportam, querem mais é que o outro morra atropelado por uma betoneira. E assim vai sendo ao longo do tempo: as vidas mudam e isso altera alguns factores, mas o que é verdadeiramente bom é que a essência das personagens não muda. A Sally é picuínhas até à medula e, para todos os efeitos, uma rapariga/mulher/gaja: uma gaja identifica-se com ela, mas não é daqueles clichés irritantes de algibeira. O Harry é, ele sim, irritante, faz monólogos intermináveis em que dá a conhecer ao mundo as suas teorias para tudo, que, apesar de tresloucadas e passíveis de deixar uma pessoa com falta de ar depois de falar tanto tempo seguido, nos deixam a pulga atrás da orelha [pelo menos a mim]. O seu cinismo não é desprovido de fundamento e realismo - para mim, uma das melhores componentes do filme - e não é reduzido ao macho estúpido sem esperança de correcção possível. Ele não é estúpido nem há nada para corrigir.
Portanto, eles odeiam-se, eles voltam a odiar-se, eles são amigos, eles discutem e dizem coisas muito pouco simpáticas um ao outro, fazem figuras tristes invejáveis e no fim acaba.
Como disse, uma das coisas de que mais gosto é o realismo (especialmente no adoravelmente irritante Harry) e acho que isso é bem conseguido no retratar das relações humanas. É especialmente heart-warming ver que eles se apercebem de que, para além de estarem apaixonados, são amigos. Vejam-no e testemunhem uma declaração de amor feita aos gritos e que tem como resposta "Odeio-te.".

Não se deixem enganar pelo facto de ser uma comédia romântica. Alguma razão há-de haver para ser um clássico. :) [mesmo nos anos 80!]