flick-o-rama

O espaço que faltava na blogosfera portuguesa! Uma cambada de nerd-wanna-bes ávidos de cóltura cinematográfica a mostrarem que na realidade nao pescam mesmo nada disto...

7.10.04

Sebastião, o golfinho lavador de baleias

Entrei hoje pela primeira vez no cinema Londres para ver o Shark Tale (versão dobrada). É um entrenimento ligeiro, familiar, como convém a estas animações de família. A história peca, no entanto, por ser demasiadamente unidimensional. Um peixe, Óscar, que trabalha na lavagem de baleias (versão submarina da lavagem de carros) sonha ser alguém. Consegue-o quando começa a correr a história que ele matou um tubarão (que na verdade foi atingido por uma âncora). Quando o seu título de "Caça-Tubarões" começa a ser questionado (afinal, ninguém o viu a matar o tubarão, excepto duas alforrecas capangas de Sykes - chefe de Oscar - a quem aparentemente este deve alguns trocos), ele consegue a ajuda de Lenny, um tubarão "diferente", que é vegetariano e gosta de se vestir de golfinho. "Matando" Lenny, Oscar vê perpetuado o seu estatuto como herói da comunidade sub-aquática... e desperta a ira de Don Lino, o patrão da "máfia" tubaronesca (esta palavra existe?), porque, afinal, é o segundo filho deste que é morto às mãos de Oscar.

Cruzando alucinadoramente paródias a filmes de gangsters, estereótipos raciais - e sexuais, não me venham dizer que o Lenny não é uma metáfora de um tubarão "gay" -, filmes recentes e parodiando-se a si mesmo, na medida em que as expressões faciais dos peixes são feitas para corresponderem às pessoas que lhe dão voz na versão original (incluindo o famoso sinal de DeNiro, as sobrancelhas de Scorcese e os lábios de Angelina Jolie), o filme é bem melhor que o menos que óptimo Finding Nemo (a que é tantas vezes comparado). O filme da Disney/Pixar nunca se conseguia decidir se era um filme de paródia ou um filme a puxar à lágrima, enquanto este é apenas sátira da mais pura. Os que procuram uma história, no entanto, podem sair algo desiludidos.
Não posso acabar esta crítica sem mencionar o meu personagem favorito: o Zézé Choné (Crazy Joe na versão original). É pena é não o terem feito um sidekick do Oscar. Tivessem aqueles fantoches estado no filme mais do que cinco minutos e a minha apreciação do filme, certamente, melhoraria.

Sai do flickómetro com um 7/10 - um excelente filme para passar hora e meia se não se tiver nada melhor para fazer (como eu não tinha).

NOTA - Tenho uma certa felicidade em poder dizer que nesta terra já se sabem fazer dobragens. Se há uma coisa que já não me acontecia há muito tempo, era eu rir-me ao ver a versão dobrada de um filme. Ouvi dizer que o Shrek 2 também estava muito bom, mas isso não o posso verificar. Parabéns aos tugas que já conseguem dobrar um filme sem perder 90% das piadas e, mais importante ainda, mantendo o espírito do original. Dito isto, espero que o actual modelo de exibição de filmes mais infantis continue (ie, versões original e dobrada a serem exibidas ao mesmo tempo), porque para quem percebe é sempre preferível ver o original. Original que já estou em processo de "adquirir" (obrigado ao Namek por todo o novo significado que deu a este verbo) porque, por muito boa que seja uma dobragem - como esta era -, razão tinham os outros quando diziam que "o original é sempre melhor". Mainada.