Wishful thinking
Fui finalmente ver o Eternal Sunshine of the Spotless Mind. Há tantas coisas boas a dizer sobre o filme que nem sei por onde começar. Só me ocorrem as coisas por itens.
Posso começar por dizer que não há um único mau actor. O Jim Carrey revela-se particularmente bom, uma vez que são impossíveis as comparações com o estigma de engraçadinho (especialmente para quem, como eu, não chegou a ver o Truman Show até ao fim porque não teve paciência e nunca viu o Man on the Moon). Continuando com o senhor Carrey, encarna tão bem a personagem do homem-que-se-passa-da-cabeça-cada-vez-que-lhe-seguram-a-mão sem recorrer a grandes pirotecnias que até irrita por não sabermos o que o faz tão convincente (e a mim faz-me achá-lo irremediavelmente sweet, mas isso sou eu).
A personagem da Kate Winslet é outra. Coisas como o facto de ela ter o cabelo às cores mas sofrer de sinusite e afinal a casa dela ser normalíssima e na cozinha ter uma prateleira foleira como toda a gente tem apanham-me logo.
O Elijah Wood (Paaaaaaaatrick) é perfeitamente desastrado e quase trying too hard (e tudo isto é bom :] ) fazer com que a namorada do amigo deixe de o detestar por razões obscuras. É outro que só quer que gostem dele, como mais vezes se vai encontrar no filme, fazendo a sua tentativa desesperada ao trilhar o caminho já trilhado por Joel (Carrey), mas as coisas não lhe correm bem e não é por justiça superior (e é isso que é tão bom) nem sequer porque se tivesse recorrido ao chavão 'alterámos o passado, logo alterámos o futuro'; é simplesmente porque não é assim que as coisas funcionam. Patrick queria um guião para endireitar a vida, mas o guião não existia - o que não retira a quem vê o sentimento de empatia para com ele.
Outra coisa boa é a sequência da operação de "apagamento". Ao mesmo tempo que mexem nas memórias da personagem principal, abrem o frigorífico, servem-se do que encontram, usam a casa com total displicência pela sua presença, enfim, chafurdam no que lhe é pessoal. Também aqui o jovem de óculos (não apanhei o nome da personagem, só sei que despreza muito bem o amigo a cada uma das suas insistentes tentativas de mencionar a namorada nova) precisa de sair de casa para ter a certeza da legitimidade ou outra coisa qualquer dos sentimentos da sua menina Mary (Kirsten Dunst). Outro guião que não funciona.
Mais coisinhas boas é o facto de a clínica não ser uma coisa ilegal instalada num beco escuro que ninguém sabe muito bem como funciona e que no fim descobriremos ser liderada por um mau-carácter mal intencionado. É um sítio asseadinho e normal onde até têm a ética de não revelar dados sobre o processo de outros pacientes, mesmo a pessoas conhecidas. Faz-me lembrar uma coisa. :] Também gostei do facto de eliminarem as memórias a partir da sua componente afectiva. Quem escreveu este filme ou sabe alguma coisa de psicologia ou tem óptima intuição [desculpem, não me consigo conter].
Enfim, havia tantas coisas boas mas já me esqueci, o que até é bom para não ocupar muito mais espaço.
Basicamente, o que eles esqueceram é que com as memórias más vão as boas, e com todas vai o que se aprende. Mas depois descobriram. ;)
Isso e que não é bom saber tudo sobre as pessoas de quem gostamos, por muito sedutora que pareça a ideia. Once you think you wanna know it, you've gotta be able to take it.
Desculpem se me alarguei.
"Nice is good."
"Constantly talking isn't necessarily communicating."
O melhor diálogo do filme:
" - OK.
- OK. "
Posso começar por dizer que não há um único mau actor. O Jim Carrey revela-se particularmente bom, uma vez que são impossíveis as comparações com o estigma de engraçadinho (especialmente para quem, como eu, não chegou a ver o Truman Show até ao fim porque não teve paciência e nunca viu o Man on the Moon). Continuando com o senhor Carrey, encarna tão bem a personagem do homem-que-se-passa-da-cabeça-cada-vez-que-lhe-seguram-a-mão sem recorrer a grandes pirotecnias que até irrita por não sabermos o que o faz tão convincente (e a mim faz-me achá-lo irremediavelmente sweet, mas isso sou eu).
A personagem da Kate Winslet é outra. Coisas como o facto de ela ter o cabelo às cores mas sofrer de sinusite e afinal a casa dela ser normalíssima e na cozinha ter uma prateleira foleira como toda a gente tem apanham-me logo.
O Elijah Wood (Paaaaaaaatrick) é perfeitamente desastrado e quase trying too hard (e tudo isto é bom :] ) fazer com que a namorada do amigo deixe de o detestar por razões obscuras. É outro que só quer que gostem dele, como mais vezes se vai encontrar no filme, fazendo a sua tentativa desesperada ao trilhar o caminho já trilhado por Joel (Carrey), mas as coisas não lhe correm bem e não é por justiça superior (e é isso que é tão bom) nem sequer porque se tivesse recorrido ao chavão 'alterámos o passado, logo alterámos o futuro'; é simplesmente porque não é assim que as coisas funcionam. Patrick queria um guião para endireitar a vida, mas o guião não existia - o que não retira a quem vê o sentimento de empatia para com ele.
Outra coisa boa é a sequência da operação de "apagamento". Ao mesmo tempo que mexem nas memórias da personagem principal, abrem o frigorífico, servem-se do que encontram, usam a casa com total displicência pela sua presença, enfim, chafurdam no que lhe é pessoal. Também aqui o jovem de óculos (não apanhei o nome da personagem, só sei que despreza muito bem o amigo a cada uma das suas insistentes tentativas de mencionar a namorada nova) precisa de sair de casa para ter a certeza da legitimidade ou outra coisa qualquer dos sentimentos da sua menina Mary (Kirsten Dunst). Outro guião que não funciona.
Mais coisinhas boas é o facto de a clínica não ser uma coisa ilegal instalada num beco escuro que ninguém sabe muito bem como funciona e que no fim descobriremos ser liderada por um mau-carácter mal intencionado. É um sítio asseadinho e normal onde até têm a ética de não revelar dados sobre o processo de outros pacientes, mesmo a pessoas conhecidas. Faz-me lembrar uma coisa. :] Também gostei do facto de eliminarem as memórias a partir da sua componente afectiva. Quem escreveu este filme ou sabe alguma coisa de psicologia ou tem óptima intuição [desculpem, não me consigo conter].
Enfim, havia tantas coisas boas mas já me esqueci, o que até é bom para não ocupar muito mais espaço.
Basicamente, o que eles esqueceram é que com as memórias más vão as boas, e com todas vai o que se aprende. Mas depois descobriram. ;)
Isso e que não é bom saber tudo sobre as pessoas de quem gostamos, por muito sedutora que pareça a ideia. Once you think you wanna know it, you've gotta be able to take it.
Desculpem se me alarguei.
"Nice is good."
"Constantly talking isn't necessarily communicating."
O melhor diálogo do filme:
" - OK.
- OK. "
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home