flick-o-rama

O espaço que faltava na blogosfera portuguesa! Uma cambada de nerd-wanna-bes ávidos de cóltura cinematográfica a mostrarem que na realidade nao pescam mesmo nada disto...

27.12.05

Dead chicks rock

Sim, Corpse Bride. A história de um casamento combinado que até era capaz de correr bem não fosse aparecer uma miúda que já morreu há uns anitos com quem o noivo acidentalmente se casa.

O que dizer deste filme? Bem, primeiro, Tim Burton. Não vale a pena estar a desviar o assunto, este é o retorno de Burton à categoria de cinema em que se formou, a animação, depois de Nightmare Before Christmas. Como nesse filme, mais uma vez, voltam os motivos góticos, os mortos animados, as cores (mais no mundo dos mortos do que no dos vivos) e a extravagância musical (e se procurarem bem por lá, ainda vêm alguns habitantes da Halloweentown ;). Depois, vem a história. O amor à primeira vista entre os prometidos noivos é ligeiramente perturbado pelo facto do protagonista, Victor (voz de Johnny Depp), ao treinar os votos do casamento, ter acidentalmente despertado uma senhora que foi morta pelo prospectivo noivo e que resolveu ficar (sim, depois de morta) debaixo de uma árvore à espera do amor verdadeiro. Obviamente, isto significa sarilhos. Victor quer voltar para o mundo dos vivos e Emily (a Noiva Cadáver) não quer deixar fugir o queridinho. Bem, depois os mortos invadem o mundo dos vivos e... é pá, a sério, vão ver!

Pontos fracos: é muito curto :) Além disso, tem partes que são um bocadinho de puxar à lágrima. Acabamos por simpatizar um bocado com a Noiva Cadáver, o que é pena, porque o final é um bocado anti-climático nesse sentido. Victoria (a noiva viva) é um bocado enconada, mas acaba por se revelar mais importante do que parece.
Pontos fortes: tudo o resto.

9/10

29.10.05

Transamerica

ora bem. Isto é um belo trailer que encontrei pelo site da apple, e que, devo dizer, me deixou impressionado. eu quero muito ver este filme. A histora é sobre um transexual um bocado conservador, que está prestes a fazer a operação final, e que descobre ter um filho de 17 anos que da alguns problemas ao mundo. Por alguma razão la vão eles de carro fazer uma viagemzinha e variadas coisas acontecem. Pareceme bom, u decide.
Cheers

(o link é este)

7.9.05

everything is illuminated

Apesar de uma longa estadia longe deste espaço ... lúdico, aproveito a partilhar com vocêzes, este trailer dum filme que me parece ser muito bom. O filme chama-se Everything is Illuminated e o trailer está aqui.

Cheers mates *s

24.8.05

Easy like a Sunday morning

Na maior parte das vezes, vemos filmes porque ouvimos falar bem deles, seja pelos amigos, na televisão, numa revista, não interessa. (Às vezes, somos arrastados para o cinema, mas é mais raro).
E há vezes em que somos agradavelmente surpreendidos. Chegamos a casa de uma amiga, ela diz-nos "Aluguei este DVD, não sei se é bom, se é mau, mas vamos ver" e ficamos colados ao ecrã de uma ponta à outra. Easy, um filme de que nunca tinha ouvido falar, caiu-me verdadeiramente no goto. Jamie (Marguerite Moreau) é uma mulher cujo trabalho é dar nomes a produtos. Como criativa que é, grande parte do seu tempo é passado em casa, o que lhe dá tempo para se envolver em todo o tipo de relações que, invariavelmente, acabam mal. Quando parece que finalmente acertou numa relação com um poeta e ex-professor dela, John (Naveen Andrews), este diz-lhe que vai voltar para a ex-mulher. No entretanto, conhece Mick (Brian F. O'Byrne) na acupunctura, que a convida a ir ao late night show que apresenta. No desespero de ter sido abandonada por John e na ressaca de um coma que apanhou depois de ter salvo uma mulher do suicídio, Jamie enceta um período de 90 dias de celibato. À volta dela, um universo de personagens, incluindo Laura, a sua irmã; o namorado da irmã (que lhe engravida a secretária); Sandy, a ex-mulher de Mick, produtora do seu programa tornada lésbica que quer um filho, o pai e a dona da livraria onde Jamie passa também muito tempo. E, apesar de tudo isto parecer um enorme freak show, a verdade é que as personagens e as interacções entre elas (há carradas de casais a formarem-se e a separarem-se a toda a hora) sentem-se como se fossem reais. Dizer que é uma comédia romântica é um insulto ao filme. Terá laivos, mas, ao contrário destas, as pessoas neste filme nem sempre são heróicas, nem sempre têm a certeza do que querem e são também capazes de se resguardarem do facto de serem magoadas, o que, na minha opinião, é muito mais parecido com a realidade. No fundo, este filme é tudo o que O diário de Bridget Jones queria ser, mas nunca conseguiu.

Oito pontos, mais um extra pelo efeito "soco no estômago" e porque a Marguerite Moreau é cute beyond all belief ;) - e sai daqui com um 9/10.

1.8.05

It had to be you

Ontem apanhei a boleia do When Harry met Sally [Um amor inevitável, creio, em português] no canal Hollywood. "Outra vez com isso?", dizem vocês. Sim.
Este é um filme que não custa nada caracterizar como um chick-flick, mas o que eu acho que tem de bom é que dá para todos. É para isso que lá está o Billy Cristal, a quem já voltarei.
A história é fácil de contar: o Harry e a Sally vão-se encontrando por acaso durante a vida ao longo de dez anos (a mudança de penteados da Meg Ryan ajuda a perceber o passar do tempo sem mais referências :P). A primeira vez é quando acabam a faculdade, através de um amigo comum e por conveniência de uma boleia. Odeiam-se, não se suportam, querem mais é que o outro morra atropelado por uma betoneira. E assim vai sendo ao longo do tempo: as vidas mudam e isso altera alguns factores, mas o que é verdadeiramente bom é que a essência das personagens não muda. A Sally é picuínhas até à medula e, para todos os efeitos, uma rapariga/mulher/gaja: uma gaja identifica-se com ela, mas não é daqueles clichés irritantes de algibeira. O Harry é, ele sim, irritante, faz monólogos intermináveis em que dá a conhecer ao mundo as suas teorias para tudo, que, apesar de tresloucadas e passíveis de deixar uma pessoa com falta de ar depois de falar tanto tempo seguido, nos deixam a pulga atrás da orelha [pelo menos a mim]. O seu cinismo não é desprovido de fundamento e realismo - para mim, uma das melhores componentes do filme - e não é reduzido ao macho estúpido sem esperança de correcção possível. Ele não é estúpido nem há nada para corrigir.
Portanto, eles odeiam-se, eles voltam a odiar-se, eles são amigos, eles discutem e dizem coisas muito pouco simpáticas um ao outro, fazem figuras tristes invejáveis e no fim acaba.
Como disse, uma das coisas de que mais gosto é o realismo (especialmente no adoravelmente irritante Harry) e acho que isso é bem conseguido no retratar das relações humanas. É especialmente heart-warming ver que eles se apercebem de que, para além de estarem apaixonados, são amigos. Vejam-no e testemunhem uma declaração de amor feita aos gritos e que tem como resposta "Odeio-te.".

Não se deixem enganar pelo facto de ser uma comédia romântica. Alguma razão há-de haver para ser um clássico. :) [mesmo nos anos 80!]

13.7.05

Perdas na tradução

A FNAC Algarve já abriu e, para comemorar a minha primeira passagem por lá, um dos items que adquiri foi o DVD do Lost in Translation (o outro foi um romancezito chamado Fight Club, se é que alguém está interessado).
Bem, não se deixem enganar. Se Sofia Coppola tivesse contado a história ao ritmo que ordenam os canônes do cinema, o filme tinha, no máximo, vinte minutos. Mas esta não é uma história para ser contada depressa. Não há pressas. Temos tempo para ver Tóquio. Bob, um actor do star system de Hollywood com uma crise de meia idade (Bill Murray), e Charlotte, uma mulher que vê o seu curto casamento a ir por água abaixo (Scarlett Johansson), conhecem-se no bar do hotel de Tóquio onde ambos se encontram. Ele, por compromissos profissionais, ela, por compromissos profissionais do marido. Ambos estão profundamente aborrecidos e não conseguem dormir. Começam a fazer companhia um ao outro (e a apreciá-la) durante essas noites de insónia. A história é apenas isto. Não tem muito mais que contar. Acontece que o filme é brilhante. Conseguir veicular a estranheza de dois estrangeiros que se encontram numa grande cidade, conseguir retratar a ligação que se estabelece entre eles porque são como dois pequenos barcos num mar que não sabem navegar não é para qualquer um. A Coppola júnior consegue fazê-lo de forma sublime, sem que nada pareça forçado ou fora de sítio. Conseguimos verdadeiramente sentir como estão deslocados, fora do seu elemento e de como aquela ligação não se estabeleceria se estivessem os dois confortavelmente em casa, ele com a mulher e os filhos, ela com o marido e se se tivessem conhecido por acaso em Los Angeles. Outro excelente aspecto do filme é a fotografia. As cenas sucedem-se como uma procissão de eye candy e de dois em dois minutos vemos uma imagem que podia perfeitamente estar na capa do DVD. Excelente, em suma. Só não soube muito bem o que pensar do final, se devia estar à espera, se não, mas isso também contribui para ter gostado do filme, so, what the heck? 9/10 (aliás, um filme que começa com um grande plano do rabo da Scarlett Johansson nunca podia ter menos que isto).

O DVD em si é bom. Não é excelente, mas é bom. Tem um making of de meia hora (onde nos fartamos de ver a Sofia Coppola que às vezes parece que bateu com a cabeça quando era pequena, mas pronto, é uma querida, a senhora), meia dúzia de cenas cortadas, o inevitável trailer e ainda uma entrevistazita com o Bill Murray e a realizadora. 7/10 (Por 12 euros, não está mau)

28.6.05

Seen City

A verdade é que não sei por onde começar esta crítica ao "Sin City". Pronto, começo pelas coisas boas: está cheio de mulheres escolhidas a dedo (a sério, se todas as prostitutas fossem assim, eu andava sempre falido - mais ainda, quero eu dizer), o grafismo e a ambiência são fenomenais, muito bem conseguidos e muito bem complementados pelo score musical. Depois, vem o mau: ele é a insistência nos voice-overs, o enredo, que não é nada de especial (sim, eu sei que o problema reside nas comics originais em si, mas a verdade é que a certa altura cansa), o cliché, o twisted happy ending, (não que eu não goste de twisted happy endings, até gosto e muito mas tornam-se previsíveis a certo ponto) e saber sempre o que se vai passar a seguir.
Não é um filme mau, muito pelo contrário e devo dizer que gostei bastante (especialmente a história do Marv e tenho os meus motivos para isso), mas estes pormenorzinhos irritam-me porque este filme podia ser ainda melhor, podia ser um dos meus filmes de culto. Assim, é só um filme bastante bom.
Acabo esta crítica bastante curta (estou-lhe a perder o jeito) com um pequeno nitpicking que me parece bastane um plot hole: se o tipo amarelo cheirava assim tão mal, como é que não se aperceberam que ele estava no carro?
Pronto, era só isto. It's good to be back flicking again.